segunda-feira, 7 de junho de 2010

TWO BROTHERS


Sou a irmã caçula de dois irmãos. O legal de ser uma menina entre dois meninos era ter um quarto só pra mim... risos. Porém, não falaremos de mim e sim do universo deles sob minhas lentes.

Diferentes e iguais como um bom paradoxo.

O mais velho é praticamente um HD externo de zilhões de bytes (se é que isso é possível). O interesse dele passeia por todos os assuntos disponíveis do mundo, logo é um cara bom de papo. Um viajante profissional, apesar dos proventos dele chegar pelo campo da Física. Tímido, mas vive dando palestra. Confesso que não tenho ideia do que ele tanto fala nessas palestras, o que eu sei é que ele é viciado em um bom café expresso sem açúcar. Presenciei também muitas fases: a do violino, a da melancia com peixe, a de Sherlock Holmes, a de Einstein, a do rabo de cavalo, a do cabelo a la Iemanjá, a do sotaque paulista e a do sotaque cosmopolita. Creio que isso já é um bom parâmetro de conhecer alguém. Além disso, tem aqueles momentos marcantes que ficam registrados na mente de uma menina cujo irmão mais velho montou um clubinho de detetives com direito a cartinha de sócio e tudo. Transformou um terreno abandonado e repleto de lixo em um campo de futebol americano em pleno sertão baiano. Perdeu o dente da frente brincando de Tarzan entre uma mangueira e outra na casa da avó e por causa disso ficou sem poder chupar rolete de cana. A braveza ao espernear por ser obrigado a tomar gemadas. Já teve residência fixa em alguns lugares do planeta, mas parece que onde ele se sente em casa é em Trieste na Itália. Cientista e colecionador de músicas do mundo. Diz que aprendeu várias receitas saborosas, mas até hoje não tive o privilégio de degustar da sua culinária. Preciso rever isso... risos. Agora, se me perguntam sobre ele falo automático: pense em um cara enrolado? Esse é meu irmão. No bom sentido, pois faz tempo que entendi que assuntos triviais do cotidiano não são processados no HD dele. Coisa de gênio, entende?

O irmão do meio é aquele que desde pequeno sabia o que queria da vida. O senso de responsabilidade dele é tão impressionante que no fim das contas sempre foi o irmão mais velho de certa maneira. Ele visualizava, desenhava até que começou a ganhar grana construindo aviões. Hoje o brinquedo da vez é protótipo de carrinho elétrico. É tão exótico que criou um personagem de quadrinhos para representá-lo. Lembro de várias fases: a de mostrar seus dotes artísticos a qualquer viva alma que pintava lá em casa; a de brincar com suas luvas brancas de Comandos em Ação; a de montar aviõezinhos pacientemente, pintá-los e colocar os inúmeros adesivos; a fase rebelde The Doors e a calça jeans e botinas que andavam sozinhas; fotógrafo de todos os tempos e a mais torturante (pra mim lógico) fã de Radiohead. Ele sempre captava um ângulo divertido da realidade e a criatividade é seu maior dom. Sem falar das misturas excêntricas inventadas na cozinha. Dois momentos mais marcantes foram quando morávamos somente nós dois em Brasília e ele estava de partida para o interior de São Paulo. O noivado surpresa dele com direito a um tour completo por todas as joalherias da mais barata a mais cara (uma estratégia minha) e ele foi convencido de comprar as alianças na mais cara (lógico...hehehe). O dia que ele viajou e me dei conta do quão sozinha estava, chorei sozinha por toda a noite sem ninguém saber. Mal nos encontrávamos em casa, mas a presença dele era marcante e reconfortante.

A igualdade dos dois onde está?

No fato de amarem verdadeiramente e sem fronteiras suas respectivas esposas. Cada um a seu jeito, mas o amor é idêntico: forte, firme, romântico e único. Dois príncipes daqueles de conto de fada. Claro que os dois esqueceram que já está mais do que na hora de eu ser tia, mas isso é outra história e irmã caçula serve pra isso mesmo: pentelhar!!!

By Fulana, doida pra ser tia oficial!

Um comentário:

Anônimo disse...

Lindo!