sexta-feira, 6 de julho de 2007

PARDON


Dois dias com insônia.
A mente não pára e os pensamentos remetem aos atos do passado.
Eu sei, eu sei. Tem coisas que eu já deveria ter me perdoado.
A minha intransigência com os homens que escolhi para ter algum relacionamento.
Alguns erros cometidos no trabalho, talvez por medo ou falta de experiência.
A brutalidade no trato com minha mãe nas manhãs que o mau humor assola.
A impaciência com a não praticidade dos outros.
A minha impertinência em ter dividido meu homem com outra.
O fato de transmitir a idéia de ser inacessível para futuros pretendentes.
As mágoas guardadas (não sei pra quê) de pessoas que algum dia me machucaram.
A minha frieza com estranhos.
O meu desrespeito comigo mesma por aceitar grosserias de pessoas que não deveriam ter significado tanto.
E tantos outros pensamentos que chicoteiam o meu não sono.
Aí eu levanto, vou no espelho e consigo dar um belo sorriso e dizer pra mim mesma:
― Já passou, você sobreviveu a tudo isso, não foi? Então pronto, esquece isso tudo e vai sonhar com seu projeto de viajar de trem pelo interior da França.
Confiro se a cortina está bem fechada, passo o protetor labial de novo, bebo um gole d’água e puxo a coberta... Eu te perdôo minha querida.
by Fulana

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