PERSIANAS

Voltei a antigos tempos.

Lembrei de tantas coisas.

- Da travessia de andar toda Avenida Sr. Dos Passos para chegar mais rápido no curso de inglês e da bizarra pasta com os livros (classificador azul);

- Do chão sempre gelado da casa da minha avó, que era um bálsamo no verão;

- Da loucura de andar descalça por todos os lugares na cidade de veraneio;

- Da obrigação de molhar as plantas do jardim;

- De ficar em cima do muro, na casa da outra avó e estar preparada para o ataque de mamonas;

- Dos dias que tinha queijadinha da padaria;

- De observar minha família compenetrada no jogo de buraco;

- De brincar de mês;

- De churrasco dia de domingo no quintal, embaixo da mangueira;

- Do balanço da mangueira;

- Da cocada de amendoim do Seu Traquino;

- De cantar no espelho com uma escova na mão crente que era a Xuxa;

- De fazer barco de papel depois da enxurrada;

- De rolete de cana;

- De descer a ladeira do Nagé e subir a do Alto do Cruzeiro no dias que saía mais cedo da aula;

- De acordar, tomar banho e voltar a dormir;

- De abrir todas as persianas pra deixar o sol invadir.

Sou aquilo que fui, em versão atualizada.

by Fulana