sexta-feira, 3 de abril de 2009

VISITAS ILUSTRES


A arte de receber bem vem de dentro e quem tem gosta muito. Quem não tem sente o pânico só de cogitar a possibilidade de receber duas pessoas para um almoço íntimo. Aprendi que receber convidados requer planejamento antecipado e bom humor.

Nunca levei muito a sério o tal receber visitas e até hoje não entendo a seriedade que um buffet trata assuntos banais (para mim) como qual tipo de guardanapo usar. Continuo não levando sério, mas aprendi a respeitar a competência dessas pessoas que pensam em todos os detalhes.

Sou prática e se der tempo penso nos detalhes (se der tempo...). Faço listas de tudo que precisarei e mando para o buffet. Vou pessoalmente, explico o que eu quero e faço um roteiro do evento. Com isso, o melhor buffet é aquele que segue o roteiro na pontualidade exigida.
Ainda estou à procura do melhor buffet... risos.

Deixemos o buffet de lado e vamos aos comensais... Se os convidados são amigos e pessoas queridas, nós teremos um trabalhinho, mas nada que não compense a companhia deles. Porém, se forem as famosas visitas ilustres (pessoas do alto escalão, presidentes e alguém que a mídia intitule ilustre), aí é hora de sentar e chorar.

Definitivamente, não existe coisa pior do que organizar um jantar para esses seres que sequer lhe cumprimentarão ou perceberão o trabalho filho da puta que estará atrás disso.

Sem contar, ilustre leitor, que você terá que lidar com tudo e todos com um belo sorriso na cara. Afinal, visita ilustre que se preze vem sempre acompanhada da ‘corte’ (aquelas pessoas estressadas, que normalmente não fazem nada e na última hora quer mostrar serviço ou que estão a fim de fazer um passeio às custa do ilustríssimo).

Então eis a cena: o buffet não trouxe tudo que você pediu (paciência, a criatividade está aí pra isso); tem uma louca no seu lado dando mil palpites e não faz nada (paciência, finja que é surda e faça o que tem que ser feito pois o prazo está estourando); o pessoal da organização a cada minuto te pergunta onde colocar isso ou aquilo (paciência, aponte o lugar, ou melhor, aponte um voluntário para fazer isso); todo mundo quer saber o que vai acontecer e vai até você (sorria e finja que é surda e muda); tem uma neurótica que surgiu do nada pirada porque não tem uma bebida insossa ( faça cara de séria, diga que foi solicitado mas está em falta no mercado e mande ela parar de roer as unhas); pediram um tempero que não estava previsto (simples, mande um mortal correr para encontrar em um intervalo de três minutos no máximo); foram grosseiros e xingaram os garçons (chame os garçons em um canto, peça desculpa pelas pessoas que não são pessoas e diga para relevarem). O importante de tudo é sorrir sempre; fingir que não está nervosa; fingir que não quer trucidar todos e principalmente fingir que não quer colocar chumbinho na comida dos visitantes ilustres.

Por isso que pra mim as pessoas ilustres são as pessoas que eu amo e para elas faço questão de pensar em todos os detalhes.

“Os outros são os outros e só.”

E por falar em receber bem, segue a dica do lançamento do “Almanaque das festas instantâneas” da Chris Campos. Vai.

No final, o importante em situações de apuros é fazer cara de paisagem ou curtir as pessoas ilustríssimas da sua vida.

By Fulana

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